"A Estrutura da obra visual é a força que determina quais elementos visuais estão presentes, e com qual ênfase essa presença ocorre." 

(DONDIS, 1997, p 51)

Elementos Básicos da Comunicação Visual
Por Donis A. Dondis

Donis A. Dondis (1924 - 1984), foi uma desenhista com formação na tradicional Faculdade de Artes de Massachussets. Foi professora da Escola de Comunicação Pública da Universidade de Boston. O livro Sintaxe da Linguagem Visual foi publicado em 1973 sob o título em inglês A Primer of Visual Literacy. A palavra literacy é usada originalmente para se referir aos processos de alfabetização e considera-se que o livro de Dondis é a primeira referência para "aqueles que não querem se tornar artistas ou designers, mas que precisam adquirir as habilidades necessárias para entender a comunicação visual numa era em que muita informação é estudada e transmitida de formas não-verbais, especialmente através da fotografia e do cinema". Neste trabalho, estudo o terceiro capítulo desse livro, que trata dos Elementos Básicos da Comunicação Visual: o ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a cor, a textura, a dimensão, a escala e o movimento. 

Dessa forma, Dondis (1997, p. 53;54) começa com o primeiro elemento básico da comunicação visual, definindo que "o ponto é a unidade de comunicação visual mais simples e irredutivelmente mínima", atraindo o olhar humano e, quando vários pontos são vistos, eles têm a capacidade de guiá-lo. Aumentando-se ainda mais a concentração, os pontos são capazes de criar a ilusão de tom ou de cor.  A linha acontece quando os pontos estão muito próximos, tornando impossível a identificação individual direcionando ainda mais o olhar. A linha pode ser também considerada como um ponto em movimento ou como a "história do movimento de um ponto" (DONDIS, 1997, p. 55). Dondis (1997, p 56), afirma ainda a capacidade de pré-visualização da linha, quando ela é capaz de expressar de forma visual algo que ainda não existe, como um esboço de um desenho e a sua importância nos meios de escrita. É a linha que descreve uma forma, outro elemento básico, no caso três, diretamente relacionadas à direção: o quadrado, representando a horizontalidade e a verticalidade;  o círculo, representando a curva e o triângulo representando a diagonalidade. Com as formas, que combinadas entre si, somos capazes de derivar "todas as formas físicas da natureza e da imaginação humana" (DONDIS, 1997, p. 59). 

Para Dondis (1997, p. 61), tom é uma parte da gradativa mudança de iluminação que passa do estado de obscuridade à luz; o tom é então vitalmente importante para a percepção e compreensão multi-dimensional do mundo em que vivemos e está associado a questões de sobrevivência. A cor, no entanto associa-se às emoções e constitui uma fonte de valor inestimável para os comunicadores visuais (DONDIS , 1997, p.64). A ela empregamos significados como a cor da árvore, do céu e de várias outras coisas e significados como calor e frieza. Segundo Dondis (1997) a cor possui três dimensões: Matiz ou croma, que é a cor em si e suas primárias são amarelo, vermelho e azul; Saturação que é a pureza relativa da cor; e Acromática que é o brilho relativo, do claro ao escuro. Dondis afirma que

"a cor não apenas tem um significado universalmente compartilhado através da experiência, como também um valor informativo específico, que se dá através dos significados simbólicos a ela vinculados. Além do significado cromático extremamente permutável da cor, cada um de nós tem preferências pessoais por cores específicas."

(DONDIS, 1997, p. 70)
 

A Textura pode ser reconhecida tanto através do tato quanto da visão; "É possível que uma textura não apresente qualidades táteis, mas apenas óticas, como no caso das linhas de uma página impressa." (DONDIS 1997, p. 70). Considerando o elemento Escala, Dondis afima que "o grande não pode existir sem o pequeno" (1997, p. 72) e que a escala é um elemento relativo, dependendo da disposição dos elementos na composição do material. A Dimensão está diretamente relacionada à nossa capacidade de sentir e ver o mundo ao nosso redor, mas todas as representações bidimensionais da realidade a dimensão é apenas implícita, com a ilusão reforçada pela simulação da perspectiva (DONDIS, 1997, p. 75) e esse conceito de simulação também aplica-se ao Movimento. Para Dondis, a sugestão de movimento nas manifestações visuais estáticas é mais difícil de se conseguir sem que ao mesmo tempo se distorça a realidade, mas está implicita em tudo aquilo que vemos. (DONDIS, 1997, p. 80). 

O texto de Dondis nos demonstra a força que a correta compreensão dos elementos visuais pode ter quando corretamente empregados, dando força às ideias originalmente expressas na forma de outras linguagens. A linguagem visual pode expressar grande número de conceitos de forma muito rápida e pode extrapolar as fronteiras da linguagem, falada ou escrita, e chegar ao entendimento de diferentes culturas, povos e pessoas. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DONDIS, A. Donis. Elementos Básicos da Comunicação Visual In: DONDIS, Donis A. Sintaxe da Linguagem Visual. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. 2a ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. 

Donis A. Dondis' A Primer of Visual Literacy.  The MIT Press. Disponível em: <http://mitpress.mit.edu/books/primer-visual-literacy> Acesso em 02/09/2014 

 La sintaxis de la imagen. GG Mexico Editorial Gustavo Gili de México, S.A. Disponível em: <http://ggili.com.mx/es/autores/donis-a-dondis> Acesso em 02/09/2014