Fim das Aulas

liberdade21

Nunca imaginei como seria o meu terceiro ano. Mentira. Sempre pensei como seria.

Procurei por anos não ficar ansioso com a proximidade a qual o fim do ensino médio estava. Sempre visualizei as coisas entediantes e desconexas (talvez elas não fossem desconexas...), mas nunca fiquei ansioso para o fim do ano.

Esse ano eu estou pra ficar doido. Mal consigo subir as escadas da minha escola. Mal tenho disposição para pegar o mesmo caminho para a escola e não quero mais ver as mesmas pessoas e professores daquela escola.

Não consigo mais acordar às seis e meia da manhã com empolgação suficiente para levantar da cama e botar o mesmo uniforme que há anos eu visto.

Não consigo mais olhar para o mesmo quadro branco e copiar a matéria (embora eu copie toda a matéria).

Não consigo mais pensar que a²=b²+c² e aplicar essa porra num triangulo retângulo, pítagórico, euleriano ou sei mais o que!

Não consigo mais olhar para a coordenadora, e dizer um sincero bom dia! (tento dar bom dia como se fosse a primeira vez que eu visse a pessoa)

Não consigo mais sentar nas mesmas cadeiras que estragam as pernas das minhas calças!

Não consigo mais pensar em como eu vou sentir falta daquela maldita escola!

Sentir falta do bebedouro preguiçoso, dos professores calados..

Da coordenadora mal encarada;

Das escadas, onde uma vez eu aprendi a rolá-las sem se machucar,

Do banheiro onde uma vez meu irmão passou mal e não contou pra ninguém;

Da tia que sempre vai à nossa sala entregar a chave;

Das conversas com o pessoal no intervalo

Da pequena sereia

Do Pátio feio e sujo

Da professora gostosa

Dos amigos

Dos inimigos

Da vida de estudante.

Pelo que vejo eu tenho mais coisas para sentir falta. O pior, será que quando eu voltar vai bater uma saudade intensa, e a vontade de chorar vai ser incontrolável. Terei de me esforçar para conseguir seguir sem que a saudade seja mais forte que a disposição.

Afinal, o ensino médio acaba, mas a faculdade está aí, e tenho que fazer o possível para passar na pública.

Enfim, “sonhos que podemos ter...”

Valeu!

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