Planos
—É isso, Luísa... Eu estou apaixonado por você. — Pedro falou de uma vez, sem respirar, deixando a voz na última palavra um pouco falha.
— QUÊ!? — Luísa exclamou alto e, com o susto, deixou que os livros que carregava caíssem. — Mas sempre fomos amigos! — E sentou no sofá.
— Olha, é verdade... — Pedro abaixou para pegar um dos livros no chão. — Mas de uns tempos pra cá nós temos passado muito mais tempo juntos do que costumávamos... E aí, fomos ficando mais próximos...
— Mas Pedro... — ela olhava da mesa de centro da pequena sala para os livros no chão, mas não conseguia reagir a ponto de pegar os livros. — Sempre fomos muito próximos! Não se lembra no primeiro semestre, quando nós tentamos alterar as notas de todos os alunos da turma? Nós passamos um apuro juntos! Quase fomos expulsos!
— Não é bem dessa proximidade que eu estou falando. — Ele pegou outro livro, sentou-se ao lado de Luísa. — Eu te quero ficar com você, Luísa...
Luísa se levantou e andou até a janela, que estava aberta para que o vento circulasse no pequeno apartamento. Sentindo o vento frio no rosto, apoiou-se no parapeito e começou a olhar os carros passando na rua. Apesar de morar ali há três anos, era a primeira vez que parava para realmente olhar o trânsito: era uma via de mão única. “Interessante”, pensou. Reparou também que o prédio da frente era idêntico ao que ela morava. Todos os detalhes, no entanto, não serviram para desviar os pensamentos de Luísa, que naquele momento eram relacionados a Pedro.
— Quanta cerveja você tomou hoje lá no bar, com a galera? — Perguntou.
— Uma lata só.
— Eu sei bem o que estou falando, Luísa. — Pedro insistiu.
Os dois ficaram ali se olhando por alguns instantes. O som do tráfego lá fora agora fazia sentido para Luísa, e o barulho de alguma televisão fora de sintonia em algum dos apartamentos vizinhos entrava e martelava o cérebro de Pedro. Mas ele resistiu lá, imóvel.
— Tá bom, Pedro, pode ir embora agora. — Ela não sabia o que dizer. A melhor opção era Pedro sair e deixá-la pensando.
—OK. — Pedro se levantou e foi em direção à Luísa para se despedir, mas ela é mais rápida: levantou a mão em sentido de “pare!” e acenou para que ele fosse para a porta. Quando chegou lá, ele disse, com um sorriso maroto no rosto: “Eu estou apaixonado. Pense nisso...”, e foi embora.
Pedro mal fechara a porta e Luísa tratou de ligar para Taty, uma amiga próxima. Vinte segundos depois atende uma moça de voz rouca, aparentemente mais velha que Luísa.
— Alô? — A voz disse.
— Taty, é a Luísa...
— Oi, Luísa... — A voz parecia cansada. — Deu alguma coisa lá com o negócio do Pedro?
— Deu sim! — A empolgação na voz de Luísa era crescente. — Teu plano deu certo!
— Deu, foi?
— O Pedro A-C-A-B-O-U de se declarar pra mim!
— Eu sabia que se você usasse aquele perfume e vestisse aquela sainha ele não resistiria! — Agora a voz de Taty correspondia à empolgação de Luísa. — Ele pode ser seu amigo, mas ainda é homem... Vocês ficaram? Tiveram lindos momentos de amor?
— Não. Eu mandei ele ir embora.
— Tá, agora eu não entendi. Tu não tava querendo ele? — Taty perguntou.
— E quero. Mas antes de eu me dar pra ele, eu quero que ele coma na minha mã
o, feito cachorro faminto. E depois eu largo ele e falo que ele confundiu as coisas e fica tudo bem.
— Credo amiga, que crueldade!
— Crueldade não, esperteza!
2 QUILÔMETROS DALÍ, NO CARRO DE PEDRO:
— Pegou a vadia? — Uma voz no telefone de Pedro perguntava.
— Não.
— Fraco! Ela quer que você coma na mão dela! Mulher adora isso!
— Relaxa... Eu vou fazer o que ela quer, e aí, “créu”.
— E aí você some?
— Não, falo que confundi as coisas e fica tudo bem...
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É só sexo no fim das contas mesmo, né?
Vlw!
a vdd por trás do friendzone?
ResponderExcluirE existe friendzone?
ResponderExcluirHahaha, li antes, massa! :D
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