A Bolsa Perdida




– Pega logo essa bolsa aí, Samuel! – a mulher mostrava uma velha bolsa dentro de uma lixeira. – Pega logo que tô com pressa!

– Eu não! – continuou a andar em direção à sua casa. – Não vou ficar mexendo no lixo.

– Ah! Pega logo! Que frescura!

– Ué, pega você então!

– Eu não! Minhas mãos não tocam em lixo! – a mulher mostrou as unhas bem feitas para o rapaz. – Além do mais, eu não preciso.

– Ah, mãe! – continuou andando. – eu não vou pegar isso! – botou o fone do celular no ouvido.

– Yago! Volte aqui e peça-me desculpas!

– Que merda mãe!


– Volta agora senão eu pego meu iPad de volta. – Ele ignorou. – Pelo amor de Deus! Não venha desrespeitar a sua mãe! – chegou perto dele e encostava o dedo indicador no nariz do filho. – Eu te carreguei por 7 meses e por isso você tem que me respeitar!

– A senhora tá é com saudade da vida de sacoleira!

– Ah! Mas que muleque chato!

A mulher se abaixou e pegou a bolsa. Samuel ficou olhando para a cara da mãe. 

– Que que tem aí? – Samuel, afinal de contas, ficou curioso.

– Nada.

– Como nada?

– Nada que te interesse. – botou a alça da bolsa no ombro e continuou andando.

– Ei!

– Você não quis pegar, agora são meus.

– O QUÊ????

– Dólares.

– Ah... – Samuel já havia visto que era mentira. – Mãe, a senhora quer mesmo que eu acredite?

– Tudo bem, você venceu. Essa porcaria não tem nad...

            Solange terminaria de falar se não tivesse sido interrompida por uma bala no braço. A polícia disse que eles estavam passando pelo local de troca de refém por resgate quando pegaram a bolsa cheia de dinheiro em uma lixeira na rua. Os bandidos viram então que Solange a estava levando embora e atiram nela. Samuel ficou arrependido por não ter pegado a bolsa, e Solange prometeu pra si mesma que nunca mais iria se preocupar com o lixo. A polícia não fez nada porque não teve disposição. Os assaltantes saíram lucrando. E uma pomba que passava ali perto morreu de susto com o barulho do tiro...

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