Problemas de Família




– Mãe? – Rebeca puxou assunto.

– Hum?

– A senhora percebeu algo estranho no José Carlos nas últimas semanas?

– Ah, não... Por que?

– Reparei que ele tem estado meio distante, escondido... – Rebeca se ajeitou no sofá, onde ambas estavam deitadas, descansando depois do almoço.

– Ele já estava assim antes de viajar, Rebeca. – Tânia sentenciou, não querendo prolongar o assunto.

– Mãe, preste atenção: – Rebeca se sentou, esperando que a mãe fizesse o mesmo, mas não foi o que aconteceu. – O Zé tá estranho.  Ele não fala mais com a gente, não lê mais, não tem amigos...

– Ah, minha filha! Normal! Seu irmão é adolescente.

– Mãe, quando eu tinha a idade dele eu costumava beijar na boca, sair para as festas, pegar seu carro escondido, gritar e brigar com a senhora. – Tânia não demonstrou qualquer reação. – Esse muleque não faz nada disso!

– Tá, e o que você espera que eu faça? – Ela disse se levantando e ficando de frente para a filha, sem mudar o tom de voz.

– Ah! Sei lá! Bate nele!

– Você e Eu bem sabemos que bater não funciona, né?

– Tá mãe... – Rebeca se deitou.

– Nós só podemos esperar, minha filha! Adolescência é um tempo difícil. – Tânia também deitou. – Sabe onde está o controle remoto da TV?

– Mãe, a senhora não está nem aí, né?

– Não.

– Humm...

– O que é?

– A senhora tomou o remédio hoje? – Rebeca perguntou enquanto se levantava do sofá.

– Que remédio?

– Droga!

E saiu. 

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