Caixa-preta


Falar de consciência negra sem entender o processo histórico de formação da população brasileira se mostrou necessidade para reconhecimento da identidade negra. Com a maioria dos projetos falando da influência de culturas africanas no brasil, senti a necessidade de conversar com os alunos sobre o que é ser negro e como é ser negro no Brasil. Nas primeiras conversas, era interessante ver que os alunos não conseguiam se reconhecer negros, e acreditavam que já não era mais tão difícil ser negro no brasil. Achando estranho que essas afirmações vinham de alunos vivendo em um bairro pobre e historicamente negligenciado, era estranho ouvir que eles não sofriam preconceito. Mas à medida que as discussões em sala avançavam, mais iam compartilhando relatos. 

A partir dessas discussões tive a ideia de gravar e expôr relatos que fossem contra a crença do Brasil plural e miscigenado. Ideia essa que se espalhou para todas as atividades que desenvolvi durante o mês em que lecionei para as turmas da escola.  

Caixa-preta foi um projeto desenvolvido para gravar e expôr relatos de preconceito e discriminação racial de alunos dos 7º aos 9º anos que contrastam a crença do Brasil plural e miscigenado. As gravações de voz ocorreram no horário de aula e foram concomitantes com discussões e leitura de textos que abordavam a formação da população brasileira, evidenciando clara tentativa de "embranquecimento" da população negra. Os relatos foram então expostos em instalação de metal, escura, com uma caixa de som reproduzindo os relatos dos alunos de forma contínua em evento da escola para celebrar a Semana da Consciência Negra do ano de 2018.




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