Reflexões sobre uma metodologia de aula à distância

Existem nuances do discurso que as chamadas online não são capazes de captar. Quando estamos presencialmente em uma sala de aula é muito mais natural e fácil perceber quando as pessoas estão contigo. Quando os alunos perdem o interesse no que falamos, a conexão se perde instantaneamente e eu, professor, percebendo essa quebra, sou compelido a mudar os planos e adaptar o discurso para alcançar o objetivo proposto. Mais de uma vez eu me percebi mudando tudo o que havia planejado para me adequar à realidade de uma determinada turma. 

Se presencialmente os celulares são termômetros para a febre do tédio, nas interações online, o tédio é uma realidade cruel. As telas silenciosas e silenciadas não fornecem nenhuma pista se os participantes estão interessados ou não. Talvez o fato do público se manter em uma sala até o final, mesmo não participando das discussões, posse ser um bom indicativo; mesmo apagadas, as telas mostram que há espaço para interação. Às vezes dá para ver as pessoas acenando concordar ou fazer caretas quando eu me confundo, mas a interação online ainda está além das minhas capacidades. 

Percebi que colocar os participantes para falar sobre as suas produções foi mais eficaz do que eu previa. Várias falas ecoavam na boca de outras pessoas e percebi que se eu crio estímulos no começo eles vão ser repetidos e reverberar até o final. Abrir os encontros falando pode ser uma estratégia para fazer os participantes refletires os conceitos no próprio trabalho desenvolvido, já que falamos do contexto de oficina, workshop. Não preciso justificar tão academicamente o que falo. Palavras-chave, carregadas de significados podem ser muito mais eficazes do que longos parágrafos de citação. 

Percebo também que preparar demais foi bom pois me deu ferramentas para percorrer os objetivos propostos. Tê-los sempre em mente ajudou a entender os caminhos que eu deveria seguir para alcançá-los. Ter as cartas na manga me deu segurança caso os participantes não participassem. 

Ainda sobre a abordagem acadêmica, tudo o que eu faço e proponho tem fundamento em coisas que lie e coletei ao longo dssas semanas, mas não preciso entregar isso para os participantes. É mais interessante para eles entender os conceitos. A minha pesquisa é minha. A minha busca é minha. Eles entenderão minha bibliografia pelo que eu falo, não pelo que eu leio. Talvez eu deva focar em blocos de conhecimento, condensando essas leituras e pesquisa em falas efetivas. Posso até compartilhar os textos, mas como eu conduzo a turma para chegar ao objetivo da aula depende da fala

Como acredito que os participantes falaram mais do que eu e ecoaram os discursos uns dos outros, acredito estar no caminho certo. É necessário então preparar questões para debate com antecedência, que conduza o olhar das pessoas para o tópico abordado sem que elas percebam que têm o olhar conduzido. O momento da introdução é essencial nesse momento, como já citei. 

O formato da roda de conversa funcionou bem, mas o momento de palestra deve ser objetivo, direto e eficaz. Pensar: qual o objetivo, como falar sobre e como promover discussão no assunto. Se o objetivo não promover a troca, uma palestra no youtube já basta. 





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